quinta-feira, 25 de julho de 2013

Todo mundo merece um café forte. Bem forte.


Ao som de Free Fallin, John Mayer.

Hoje eu acordei e pedi um café bem forte pro Medina na padaria. Como que numa epifania, me dei conta que hoje faríamos 5 anos - caso estivéssemos juntos. Meio que não obstante abri a gaveta da franquia do nosso filme, daquilo que a gente chamou de rolo, namoro e quase casamento. 

Entre um gole e outro, a cafeína foi descendo cada vez mais forte. Medina me olhava como se eu estivesse empurrando um café muito doce e estivesse desfrutando de cada grama de açúcar como se fosse uma formiga: com prazer. E ele tinha razão. Estava. 

A gente demora muito a entender o sentido da expressão "deu certo". E a segunda parte dela "até certo ponto". Diversas vezes eu julguei que a gente não se merecia, que tudo só deu errado, que nada era para ter acontecido. Inocência e ansiedade minha, oras. Nada a ver com a realidade. 

Toda a nossa vida deu certo. Todas as viagens, todas as brigas, os enlaces, as noites de conchinha. Até que na noite de 25 de Maio de 2012 a gente resolveu se separar: porque a chama simplesmente tinha acabado, algumas situações sem sal surgiram e descobrimos que viver  a dois, nós dois no caso, já não tinha mais brilho. A realidade desfilava na nossa frente e a gente resolveu partir para a inteligência mesmo e aceitar o convite de cada um pegar o seu bonde.

Na manhã seguinte da nossa separação você passou lá em casa para pegar suas coisas e colocá-las no carro. Eu tinha aula no curso de História da Arte, você precisava viajar para a Itália a trabalho em quatro horas. Parecia que tudo tinha se encaixado. Na verdade estava escrito e a gente só seguiu o script como duas pessoas normais e obedientes - e metódicas. Nesta mesma manhã já não éramos um casal de 4 anos e uns meses. Éramos eu e você - duas pessoas recém separadas. Nesta  mesma manhã  estávamos com fome e resolvemos passar no Medina - já para criar saudade. Pedimos um expresso daqueles: bem quente, com leite, fumaça e forte.

Depois da cafeína em alto grau e atravessando a porta do bar, já tínhamos a certeza de tudo: era nossa última primeira refeição do dia juntos. Mais  forte que o café, mais forte do que a  cafeína, era a certeza de que naquela manhã estávamos fazendo a coisa certa. 

Da mesma maneira como faço todos os dias como se ainda fôssemos um fazendo companhia ao outro: pedindo o mesmo café ao Medina. Só que agora para despertar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário