terça-feira, 12 de julho de 2011

"Em uma noite especialmente boa..."

Os cacos de muitas histórias resolvidas e deixadas pela metade estavam espalhados pelos cantos. Em meio tempo de vida, ela não apreendera a ser muito estrategista. Deixava-se levar pelo fluxo contínuo de suas escolhas. No passaredo de uma história, descobriu o que era carne, o que era queda, o valor das palavras e as mais diversas teorias que circundam um ato. Ela não sabia nada de Física, porém, já tinha percebido que dois corpos só se atraem quando ambas as matérias emanam algo. Passado os prolegômenos, solicitou seus ouvidos para uma boa música - o bom gosto lhe era crucial. Desacostumou-se ao simpático; já buscava o difícil, o complexo e o inteligível. Aprendeu com o espaço, não pedir para voltar; a dizer adeus e não olhar de soslaio. Descobriu também que palavras têm tamanho, formigas tem coração e que a árvore do vizinho da frente pode lhe ser útil. Insistiu na descoberta ainda do frio do chão, do calor das fagulhas e da morbidez que uma saudade é capaz de trazer. Ela cresceu usando e abusando dos saltos coloridos que guardava na última gaveta do armário. Ela "emulherou-se" com o espelho que pôs no quarto - um espelho sempre pode te contar o verossímil. E ela quis contar a verdade.


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