domingo, 6 de março de 2011

"As palavras fogem se você deixar "


Muita coisa acontecia no apartamento dele. Muita coisa ele escondia do mundo, mas, no entanto, só revelava a ela, bem ali naquele lugar. E aquele lugar era o infinito deles dois. Nada mais cabia ali que não estivesse relacionado a eles. Tudo era tão concreto, tão real. Era uma espécie de confessionário, de refúgio, de encontro de palavras e liberações de canções. Ele era fechado. Mas, em casa, acabava todo o silêncio com seu amor. Era com ela que ele conseguia ditar todas as palavras que lhe interessavam - e ela, calmamente, ouvia sua enunciação prodigiosa palavra por palavra; verso a verso, sem perder o ritmo dos entreolhares, tampouco dos acordes snfônicos provindos das emoções advindas dos dois corpos. E com o tempo.....e com a convivência, e com um esforço-efeito e com uma lista infidável de razões, eles permanciam felizes. Todas as fotografias diziam algo sobre eles. O sol que batia à janela, "as cores, figuras e motivos" serviam-lhes de resenha, de ensaio e de toda uma larga produção amorosa. E falando em motivos, havia catalisadores para tudo: para as brigas, para os carinhos, para as portas fechadas e para as janelas encostadas. E tudo se encaixava, como deveria - e poderia - ser. Preenchê-los. E o amor entre eles era  bonito. Não que fosse diferente dos outros casais, mas era porque era amor. Apenas isso. Nada mais além do que o normal, nada mais além do simples, nada mais além do sublime-amor-querido-amar. Nada mais consubstancial do que unir 1 com 1 e fazer 2. Nada mais que mandar a solidão retirar-se, pedi-la que tire férias prolongadas. Nada mais além do que o tempo pode fazer. E que o tempo não vá transformar em prova de amor. E que todos os bilhetinhos já escritos por ela não resultem em dois parágrafos. Não resultem em absorvição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário